Um Homem com uma Câmera (Dir: Dziga Vertov)

27/02/2011

Crédito: Los Olvidados

Dziga Vertov, um dos mais influentes cineastas do mundo, foi o criador de várias teorias cinematográficas. Uma das mais famosas é a do cinema-olho ou cinema-verdade (Kino Pravda), na qual propõe filmar apenas a “verdadeira realidade”, com a câmera representando o olho do homem, daí o nome da teoria. Vertov queria registrar em filme, de maneira distanciada, as reações espontâneas das pessoas, mas não apenas isso: era preciso filmar o próprio cineasta, para que se chegasse a uma verdade absoluta, através da montagem e do confronto das imagens.

Munido dessas informações, pode-se afirmar com segurança que Um Homem com Uma Câmera é a experiência prática para a teoria criada por Vertov. Aqui, a palavra “experiência” ganha mais importância, pois ela é usada pelo próprio cineasta para descrever o documentário. Acredito que tenha sido usada não só porque o filme era um teste para comprovar os pensamentos do cineasta, mas também para sedimentar o próprio gênero de documentário em meio a tantas obras de ficção, que naquela época já eram produzidas em grande escala. Continue lendo »


Especial Oscar: Comentando a premiação ao vivo pelo Twitter!

27/02/2011

O grande dia chegou, pessoal! Finalmente vamos descobrir quem serão os grandes vencedores do Oscar! Para quem quiser acompanhar a cerimônia de premiação, o canal pago TNT vai transmiti-la a partir das 22 h (às 21h, começa o especial do tapete vermelho, no qual as celebridades são entrevistadas). Na TV aberta, o evento vai passar na Globo, mas só depois do BBB, à meia-noite. Ou seja, metade da premiação vai ter passado… É simplesmente vergonhosa essa posição da Globo. Afinal, BBB tem todo dia por três meses e o Oscar só acontece uma vez no ano.

Quem quiser acompanhar, eu farei comentários do Oscar diretamente do meu Twitter. Quem quiser, pode me seguir: http://twitter.com/cineanalise. Fiquem à vontade para mandar as suas opiniões, seja pelo Twitter ou pelo blog mesmo. É isso, até a hora da premiação!


Projeto Hitchcock: Assassinato! (1930)

24/02/2011
“Alguns de nossos assassinatos mais esquisitos são domésticos, executados
com ternura em lugares simples e caseiros como a mesa da cozinha” Alfred  Hitchcock

Crédito: Esvaziando a Prateleira

Em 1930, ano de lançamento de Assassinato! (assim mesmo, com ponto de exclamação), Hitchcock já podia se considerar um diretor consolidado na Inglaterra. Com vários sucessos em seu currículo (e também alguns fracassos), o diretor havia decidido trabalhar com obras de suspense, um gênero em que ele geralmente obtinha os resultados mais satisfatórios (um dos melhores filmes de sua fase muda foi justamente o thriller O Inquilino, de 1927). Seu primeiro filme falado (e também considerado o primeiro da Ingleterra), Chantagem e Confissão, havia estourado nas bilheterias devido à boa história e ao uso criativo do som por parte de Hitch. O cineasta havia provado, ainda com 30 anos, que sabia contar uma história, migrando com maestria e sem esforço do cinema mudo para o falado. Mas isso não significava que ele nunca mais tropeçaria com seus filmes posteriores.

Infelizmente, Hitchcock já pisou na bola logo no seu segundo filme com som. O fato de Assassinato! não ser um de seus melhores filmes é justificável por ser, tecnicamente, o seu terceiro filme de suspense (os outros de sua carreira podem ser considerados ou comédias, como Champagne, ou melodramas, como O Ringue). O gênero, apesar de já gerar inúmeros filmes naquela época, ainda não possuía suas especificidades ou características delimitadas (Hitch vai ser um dos maiores cineastas responsáveis a “moldar” o gênero e torná-lo o que é hoje). O cineasta, então, adotou uma postura equivocada em relação a alguns aspectos do filme, algo que nunca aconteceria mais adiante em sua carreira. Continue lendo »


Projeto Hitchcock: Chantagem e Confissão (1929)

19/02/2011
“O diálogo deveria ser apenas um som entre outros sons, apenas algo que sai
das bocas das pessoas cujos olhos contam a história em termos visuais” Alfred Hitchcock

Crédito: Marathon Packs

Som. É impossível falar de Chantagem e Confissão sem abordar logo de cara esse aspecto cinematográfico que hoje é praticamente um parte inseparável do filme. O que devemos colocar na cabeça é o fato do filme ter sido lançado em 1929, sendo considerado o primeiro filme falado da Inglaterra. Portanto, Hitchcock tinha em suas mãos uma tarefa e tanto: liderar a transição inglesa do cinema mudo para o falado. E, como era de se esperar, o Mestre do Suspense foi pra lá de bem-sucedido nessa empreitada. Isso quer dizer alguma coisa, já que muitos cineastas não conseguiram se adaptar à nova tecnologia e suas carreiras chegaram ao fim. Um exemplo é o diretor de muitos dos primeiros filmes de Chaplin, Mack Sennett.

Quando as filmagens de Chantagem e Confissão começaram, o filme era para ser mudo. Foi só depois que o estúdio exigiu que o filme se tornasse falado. Hitch então filmou duas versões: uma muda e outra, com som. O próprio cineasta definiu este filme como o seu adeus aos filmes mudos. E isso se percebe mesmo na versão falada. A sequência inicial é inteiramente muda, tendo como material de áudio apenas a trilha sonora típica de filmes mudos. Essas cenas, que mostram a perseguição da polícia a um suspeito, não tem qualquer relação com a história subseqüente, a não ser pelo fato do chefe de polícia ser um dos protagonistas. Continue lendo »


Especial Oscar: Palpites e Torcidas do Oscar 2011

17/02/2011
Crédito: Os Medeival

Depois das críticas dos indicados ao Oscar 2011, chegou a hora de comentar quais os filmes que tem mais chances de levar a estatueta, e quais figuram entre os meus preferidos. Clique no botão abaixo para conferir as minhas previsões nas 24 categorias do Oscar: Continue lendo »


Especial Oscar: críticas (curtas) dos filmes indicados

17/02/2011

 

Crédito: Portal de Cinema

O Especial Oscar deste ano está diferente. Por causa do Projeto Hitchcock, não arrumei tempo para escrever críticas extensas. Mesmo assim, a mais famosa premiação do cinema não vai passar batido no Cine Análise: as críticas estes ano só estarão mais curtas. Clique no botão abaixo para conferir os textos sobre os indicados deste ano: Continue lendo »


O Império dos Sentidos (Dir: Nagisa Oshima)

16/02/2011

Créditos: DVD Talk

O Império dos Sentidos é um daqueles filmes que todo mundo já ouviu falar, mas que poucos já assistiram. Desde o seu lançamento, o filme gerou polêmica em todo mundo por apresentar inúmeras cenas de nudez e sexo explícito. O público ficou chocado ao ver os atores principais fazendo sexo de verdade, o que só aumentou a popularidade da obra. De fato, até hoje é lembrado em listas de maiores clássicos do cinema.

No entanto, O Império dos Sentidos ainda é classificado por muitos, erroneamente, como um filme pornográfico. Na verdade, ele é uma bela obra de arte, cujo conteúdo é altamente erótico, daí a confusão. Talvez quem considere o longa de Oshima como do gênero pornô não deve tê-lo assistido, porque, quando a projeção termina, é impossível não perceber que o filme tem muito mais a oferecer do que apenas cenas de teor sexual. Continue lendo »


Projeto Hitchcock: O Ilhéu (1929)

14/02/2011

“Não há nada tão bom quanto um funeral no mar. É simples, limpo e não muito  incriminador.” Alfred Hitchcock

Créditos: El Dardo de La Palabra

Hitchcock fecha a sua fase de filmes mudos com chave de ouro. Comumente visto como um dos filmes mais fracos do Mestre, O Ilhéu (que a edição em DVD da Universal chamou de Pobre Pete, um título bastante apropriado à história) é na verdade um excelente melodrama, que resistiu bem à ação do tempo (ao contrário de Champagne) e até hoje mantém toda a sua força e a emoção da época em que foi lançado.

Assim como em O Ringue, aqui o enredo gira em torno de um triângulo amoroso. O pobre pescador Pete (Carl Brisson) deixa a Inglaterra em busca de fortuna, para poder se casar com Kate (Anny Ondra), a filha de um taberneiro. Ele a deixa aos cuidados de seu melhor amigo, o advogado Philip (Malcolm Keen). O “improvável” acontece, e Philip e Kate se apaixonam enquanto Pete está fora. Quando ele volta, já rico, algum tempo depois, Kate não quer mais se casar com ele, mas, juntamente com Philip, não pretende colocar Pete a par do seu caso. Continue lendo »


Santuário (Dir: Alister Grierson)

14/02/2011

 

Crédito: Sala de Cinema

Confesso que o que me fez assistir a Santuário, que está em cartaz nos cinemas, foi o nome do todo-poderoso James Cameron. Para quem leu a minha análise do último filme do cineasta, Avatar, sabe o quanto eu fiquei impressionado com essa superprodução, na minha opinião revolucionária. Com isso, quando vi o cartaz de Santuário, que afirmava ter sido criado por Cameron (mesmo ele não sendo o diretor), pensei: “Ele não colocaria a sua reputação em jogo”. E lá fui eu conferir o longa… E lá fui eu me decepcionar de novo com marketing enganoso…

Se eu tivesse pesquisado mais um pouco sobre a produção, teria descoberto que Cameron era apenas um dentre vários produtores, não devendo ter muita influência no resultado final. E se tinha algo que Santuário necessitava, era o toque de midas do diretor, responsável pelos dois filmes de maior bilheteria do mundo (o já citado Avatar e Titanic). Não me leve a mal, Santuário até consegue divertir, mas, graças a diversas falhas, esse entretenimento é limitado. Continue lendo »


Projeto Hitchcock: Mulher Pública (1928)

10/02/2011

“Walt Disney tem o melhor elenco. Se não gosta de um ator, ele simplesmente  o apaga.” Alfred Hitchcock

Créditos: 3-b-s

A fase muda de Hitchcock foi extremamente importante para o cineasta, porque, além de consolidar a sua fama, possibilitou a criação de um estilo próprio. Para desenvolvê-lo, entretanto, o Mestre teve que experimentar de tudo. Ele usou e abusou dos movimentos da câmera, procurou novas maneiras de contar histórias, aprendeu vários truques de edição. Também era necessário dirigir filmes de vários gêneros: a especificidade de cada um traria muito conhecimento cinematográfico para o jovem diretor. Desde seu primeiro filme, a habilidade por trás das câmeras se sobressaiu, mas foi com um suspense (O Inquilino) que ele mostrou a sua verdadeira genialidade. Hitch também conseguiu bons resultados dirigindo melodramas (O Ilhéu, cuja crítica será postada em breve), mas quase sempre Hitch não conseguia um bom resultado com esse tipo de filme.

Mulher Pública (ou Vida Fácil, como a Continental Home Video decidiu chamá-lo), infelizmente, se encaixa nessa segunda categoria. O filme, muito parecido com Champagne (aqui uma moça rica também vai passar por dificuldades e agruras), sofre, principalmente, com a falta de um enredo sólido. Temos um começo interessante, graças a Hitchcock, e um desfecho poderoso, graças ao roteiro, mas tudo que está no meio poderia ser descartado de tão enfadonho. Continue lendo »