Apollo 18 – A Missão Proibida (Dir: Gonzalo López-Gallego)

Apollo 18

O astronauta Nathan (Lloyd Owen) vai encontrar mais do que procurava na Lua

Já faz mais de uma década que A Bruxa de Blair estreou nos cinemas, no longínquo ano de 1999. O filme, mesmo com baixo orçamento e sem nenhum nome conhecido na frente ou atrás das câmeras, revolucionou o gênero do terror com uma excelente campanha de marketing mas, principalmente, com a maneira de filmar. A Bruxa de Blair nada mais é do que um suposto relato verídico sobre três jovens cineastas que desapareceram em uma floresta. Só o que vemos na tela são as fitas gravadas por eles, que foram encontradas um ano depois. Quando o público da época se viu acompanhando tão de perto o martírio dos jovens, sentiu uma dose de realismo poucas vezes experimentada no cinema antes. Nascia, então, a moda de se fazer filmes que pareciam ser de verdade, com o conteúdo sendo captado por câmeras manejadas pelos próprios personagens. Esse tipo de técnica consegue trazer o espectador mais pra perto dos fatos, aumentando a sua tensão: não é à toa que ela foi usada principalmente em filmes de terror. Os resultados foram, na maioria das vezes, positivo, graças às boas premissas e uso inteligente da câmera: podemos citar Cloverfield – Monstro, Atividade Paranormal e REC.

E esse sub-gênero do terror acabou de ganhar mais um integrante, embora o resultado não tenha sido tão satisfatório. Sim, porque Apollo 18 – A Missão Proibida mete os pés pelas mãos ao lançar mão do recurso das “câmeras-personagens”. Dessa vez, o pretexto para elas serem o centro da história é a última viagem dos astronautas estadunidenses à Lua. A Apollo 18 (que segundo o filme só existiu extraoficialmente) tem como missão instalar câmeras na superfície lunar. Para quê? Nem os três astronautas a bordo da nave, nem o público sabe. Mas, é lógico, com o tempo, vamos descobrir.

O que dá pra perceber logo de cara é como a tal sensação de realismo vai direto para o ralo. Os letreiros iniciais (não há créditos) informam que o filme que veremos é a versão editada da filmagem. Talvez o diretor, Gonzalo López-Gallego, tenha usado isso como desculpa para fazer uma montagem que nada condiz com um relato objetivo e científico tal qual intencionada, e sim, uma ficção intrinsecamente cinematográfica, como qualquer outro filme. Acontece que, nos minutos iniciais, vemos uma edição que não tem nada a ver com a missão: conhecemos rapidamente os três astronautas, que são retratados nos seus ambientes familiares, se divertindo… Ora bolas, o que isso tem a ver com a história do filme? Claro, esse segmento nos apresenta aos personagens principais, mas será que os “conspiradores anônimos” que encontraram a “filmagem verdadeira” se dariam ao trabalho de procurar vídeos caseiros dos astronautas para inserir na edição final? Eles certamente não estariam em poder da NASA! Além do mais, o diretor consegue forçar a barra mais ainda, fazendo movimentos de câmera e utilizando técnicas cinematográficas profissionais, tais como closes esteticamente expressivos (mas que não tem razão de ser, visto que, na lógica do filme, quem estava por trás das câmeras eram técnicos da NASA ou os próprios astronautas), câmera lenta, e, mais do que tudo, uma trilha sonora (com certeza, havia um compositor entre os “conspiradores”)! Tais aspectos, que perduram por toda a projeção, acabam por inviabilizar toda a atmosfera realista que se propunha inicialmente. Fica a impressão que, ao López-Gallego usar a palavra “edição” no começo do filme, ele se deu o direito de tratar as imagens como um diretor (e posteriormente, editor) convencional e profissional, quando a ideia é passar um clima mais amadoresco, mais crível de que se trata da realidade (de crível mesmo, só ficou mesmo a qualidade das imagens, convincentes como algo teoricamente filmado na Lua no começo dos anos 70). Conforme Atividade Paranormal e REC mostraram, é possível editar um filme e ainda assim manter o tom de veracidade.

Voltemos, então, ao clima alcançado pelos filmes citados no começo deste ano. Se Apollo 18 – A Missão Proibida consegue afinal construir uma narrativa de suspense, é sumariamente devido à situação e não à malfadada impressão de realismo. Quando se deixa a vontade de participar da narrativa de lado, dá pra se contentar com o interesse pelo conflito apresentado, que vai aumentando de intensidade na medida certa, não deixando o filme monótono. Logo no começo o diretor já vai nos dando mostras de que os astronautas não estão sozinhos na Lua, sem revelar demais, tal qual Hitchcock fez em Os Pássaros.  A sensação de uma catástrofe iminente é intensificada quando os personagens perdem contato com a Terra e com o terceiro astronauta, que ficou orbitando em volta do satélite. Por estarem isolados e desconhecedores de um perigo cada vez mais notório, não é difícil não torcer pelos dois pobres astronautas.

É uma pena que essa construção narrativa bem desenvolvida é atrapalhada pelos diversos sustos do tipo “pulo do gato” que vão aparecendo, todos dispensáveis e que só servem para empobrecer o filme. Parece que o diretor pensou que só esses truques fariam o filme ficar assustador de verdade, quando que a verdade é o contrário disso: na maioria das vezes, quando se quer assustar, a mera sugestão já é o bastante para dar arrepios. Quem nunca ficou com medo do bebê de Rosemary (que nunca dá as caras), que atire a primeira pedra.

Falsa sensação de realismo e sustos gratuitos até que dá pra aturar, mas quando chega o desfecho… Oh, a humanidade! Sem entrar em mais detalhes, obviamente, posso dizer que ele não só é extremamente ridículo, mas também incoerente com o contexto da história. Tudo o que mostrado nos minutos finais de Apollo 18 – A Missão Proibida contradiz o que foi exposto no começo! Tudo bem, senhor López-Gallego, aceito que o senhor não seja capaz de dirigir um “filme verídico”, aceito que o senhor faça uso de sustos bobos para “incrementar” a sua obra, mas que o senhor não se atreva a me fazer de bobo, que isso eu não  sou. O que o senhor mostrou no final do seu filme não tem nexo nenhum. E fique sabendo que a sua “ameaça”, quando finalmente revelada, só me causou risadas.

Com mais erros que acertos, Apollo 18 só tem a seu favor uma história que prende a atenção. Mas só. Não é dessa vez que tivemos um novo A Bruxa de Blair.

FICHA TÉCNICA
 
Título original: Apollo 18
Ano de lançamento: 2011
Direção: Gonzalo López-Gallego
Produção: Timur Bekmambetov, Michele Wolkoff
Roteiro: Brian Miller, Cory Goodman
Duração: 86 minutos
Elenco: Warren Christie (Benjamin), Lloyd Owen (Nathan), Ryan Robbins (John)
 
 Nota: 5.0

6 Responses to Apollo 18 – A Missão Proibida (Dir: Gonzalo López-Gallego)

  1. André disse:

    Realmente, concordo com tudo escrito aqui. No começo do filme falar que tal foi apenas editado de um video secreto oficial da nasa hospedado em 2011 no site http://lunartruth.org/ é achar que somos troxas. Com esses sustos bobos e cinematografia descarada perdeu-se meu interesse no filme.

  2. André disse:

    E a Mona Lise EBE(ET Lunar) foi supostamente encontrada com a Apollo 20. E se no filme eles dizem que Apollo 18 foi a ultima viagem a lua, como no próprio site fornecido por eles relatam uma suposta viagem lunar da Apollo 20 com descobertas incríveis como Humanóides(ET), Naves de 4KM e cidades abandonadas. Filme sem pé nem cabeça.

  3. ronaldo disse:

    vsf seus fudidos se vcs n acreditam na verdade é pq vcs são burros e ignorantes

  4. carlos barreto feitoza disse:

    NAO ACREDITO NEM DESACREDITO.MUITO PELO CONTRARIO,
    ENTENDERAM ? EU NAO
    c.azotief@gmail.com CARLOS FEITOZA

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