Atividade Paranormal 3 (Dir: Henry Joost e Ariel Schulman)

As irmãs Katie e Kristi tentam invocar a Bloody Mary em Atividade Paranormal 3

Em 2007, estreava nos cinemas um filme de terror que não era lá dos mais originais (reciclava uma ideia já bem explorada em A Bruxa de Blair), mas que mesmo assim se tornou um sucesso absoluto de bilheteria. O público se surpreendeu com um filme em que o “monstro” não aparecia e com sustos escassos, mas que, quando viam, gelavam a espinha. Orçado em apenas 15 mil dólares, Atividade Paranormal rendeu quase 200 milhões no mundo todo. Com esse sucesso todo e dada a falta de criatividade que vem afetando Hollywood nos últimos tempos, era mais do que óbvio que uma sequência viria.

E ela veio. E mais outra. Atividade Paranormal 3 estreou já há algum tempo nos cinemas, tentando ainda capitalizar em cima do filme original da série. E, até agora, tem conseguido, já que a produção já arrecadou cerca de 100 milhões de dólares a nível global. Mas, se o público continua curioso a respeito de Katie e a entidade que persegue a sua família, a inspiração dos roteiristas e diretores já dá sinais de desgaste. Sim, aconteceu o que eu já suspeitava e temia: Atividade Paranormal 3 repete a estrutura do primeiro e segundo filme da série. Tudo bem que isso geralmente acontece com a maioria das franquias de horror, mas o problema com esse novo capítulo é que a trama, de tão batida, já não assusta mais. Além do mais, os diretores Henry Joost e Ariel Schulman demonstram a sua falta de experiência ao tornar o filme mais sem graça do que já estava.

A primeira falha já pode ser percebida ao se ler a sinopse da obra, antes mesmo de entrar no cinema: depois do clímax do segundo episódio, o que ficou na cabeça do público era apenas o que aconteceria a seguir, e se determinados personagens seriam encontrados. Pois bem, e para onde Atividade Paranormal nos leva? Ao passado! Sim, numa manobra bastante picareta, os criadores da franquia resolveram extorquir ainda mais o seu público pagante ao alongar a história com mais uma prequel (sim, porque o segundo também se passa, em sua maior parte, antes do original) antes de seguir com a história em uma provável quarta parte. Daria até pra desculpar essa volta no tempo se pelo menos ela nos fornecesse algumas respostas sobre a assombração atrelada à família de Katie, mas ela só nos faz o favor de confundir ainda mais as nossas cabeças, com dados insuficientes e que beiram o ridículo e o inacreditável.

Sabe o que ficou faltando também? O suspense, que havia funcionado muito bem nos dois primeiros filmes. A progressão lenta dos acontecimentos nessas fitas era o que as fazia diferentes de outras produções atuais do gênero, era o que nos deixava perguntando como e quando seria o próximo ataque (só sabíamos que ele seria mais intenso que o último). Com isso, passávamos a nos preocupar com os personagens e a segurança deles.

Infelizmente, isso não existe mais aqui: não há evolução de coisa alguma, apenas umas “visitinhas” aqui e acolá do espírito, uma totalmente desconectada da outra. O final, que deveria deixar a todos de cabelo em pé, é muito rápido para deixar qualquer impacto. A única fonte de tensão (e, surpresa, o único elemento novo trazido pelo filme) é uma câmera móvel colocada na cozinha, que demora para realizar um ciclo completo (de 180 graus), forçando o impaciente espectador a esperar para ver o que está acontecendo em outra parte do cômodo. Mas é pouco para tornar o filme interessante.

E a história ainda demora a engrenar (mesmo só tendo 84 minutos de duração). O motivo? Somos obrigados a aguentar uma meia hora de sustos falsos, do tipo “pulo do gato”. Eles podem até nos pegar desprevenidos, mas, ao invés de ficarmos satisfeitos com a cena, ficamos é com raiva. Por não haver muita história pra contar, a solução encontrada foi enrolar o espectador um pouquinho para que o longa não ficasse curto demais. Mas isso acaba por encher o saco antes mesmo da tal “atividade” começar. E, quando ela começa, é aquilo que já havia dito acima: não há nenhuma diferença com o que já havia sido mostrado nos dois primeiros filmes da franquia. Quando já se sabe de cor e salteado o que vai acontecer, é difícil ficar assustado.

A série Atividade Paranormal tinha tudo para se tornar uma excelente série cinematográfica de horror (existe alguma inteiramente boa?), mas pelo rumo que ela está levando, não vai ser nada mais do que um produto caça-níqueis, sem nenhuma qualidade ou objetivo que não o ganho financeiro. Os seus criadores, pelo visto, vão ganhar muito dinheiro ainda com a franquia, mas eu garanto: do meu bolso, eles não levam nem mais um centavo.

FICHA TÉCNICA
 
Título original: Paranormal Activity 3
Ano de lançamento: 2011
Direção: Henry Joost, Ariel Schulman
Produção: Jason Blum, Oren Peli, Steven Schneider
Roteiro: Chrstopher Landon, baseado no filme de Oren Peli
Duração: 84 minutos
Elenco: Christopher Nicholas Smith (Dennis), Lauren Bittner (Julie), Chloe Csengery (Katie), Jessica Tyler Brown (Kristi)
 
Nota: 2.0

2 Responses to Atividade Paranormal 3 (Dir: Henry Joost e Ariel Schulman)

  1. Eu tenho verdadeiro pavor de continuações e refilmagens. claro que não vou ser radical e dizer que TODAS são um lixo, mas a probabilidade de ser ruim é maior do que o contrário. Salvo os Anéis, Potter, Wars, Bonds, entre outros que a qualidade (aceitável) é parte inerente de sua criação e “manutenção”.
    Essa “Atividade” é, sem dúvida, dispensável. O primeiro já não era lá essas coisas e, a meu ver, dispensável. A bruxa de Blair, como você citou, fez mais bonito.
    Abraços cinéfilos Bruno!

  2. Taís S. S. disse:

    Concordo com o que você disse, como a Ana Paula respondeu algumas continuações de filmes são “aceitáveis” mas, em compensação outras são horríveis. O que acaba frustrando fãs e pessoas que ouviram propagandas dos filme como é o caso de “Haloween”.

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